quarta-feira, 18 de junho de 2008

Cigarro: vício: doença: morte



por Joseph R. DiFranza


ADOLESCENTES podem se tornar dependentes de cigarro poucas semanas após começarem a fumar. Um estudo mostrou que, em média, os jovens fumavam apenas dois cigarros por semana quando os primeiros sintomas da dependência se manifestaram.
Durante minha especialização em medicina da família estudei a dependência de nicotina sob a óptica conservadora. Os médicos havia muito acreditavam que as pessoas fumam basicamente por prazer – e que, com o tempo, se tornam psicologicamente dependentes. A tolerância aos efeitos da nicotina estimula que se fume cada vez mais. A dependência física começa quando o hábito atinge uma freqüência preocupante – cerca de cinco cigarros por dia – e a nicotina passa a estar constantemente presente no sangue, em geral, depois de anos e milhares de cigarros fumados. Algumas horas após o último cigarro o fumante dependente passa a apresentar os sintomas da abstinência de nicotina: inquietação, irritabilidade e dificuldade de concentração, entre outros efeitos. Segundo esse conceito, as pessoas que fumam menos de cinco cigarros por dia não são dependentes.Eu me valia desse princípio quando deparei com uma paciente daquelas que nunca leu um livro teórico. Durante uma consulta de rotina, uma adolescente contou sobre sua dificuldade para largar do cigarro, mesmo tendo começado a fumar havia apenas dois meses. Pensei que ela fosse um caso à parte, uma rara exceção à regra sobre o lento desenvolvimento da dependência, que levaria anos. Mas isso atiçou a minha curiosidade e decidi entrevistar estudantes de um colégio próximo sobre o hábito de fumar. Fiquei intrigado com uma garota de 14 anos que afirmou ter feito duas sérias tentativas frustradas para deixar o cigarro. E ela havia fumado somente uns poucos cigarros por semana, durante dois meses. A descrição de seus sintomas durante o período em que ficou sem fumar lembrava o relato queixoso dos meus pacientes que fumam dois maços por dia. O rápido aparecimento desses sintomas contrapunha grande parte do que eu achava que sabia sobre nicotina. E, quando fui verificar essas informações em sua fonte, constatei que tudo o que havia aprendido não passava de especulação.

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